domingo, 17 de fevereiro de 2013

A quem interessa o discurso do subimperialismo brasileiro?

Encontramos dia após dia especulações midiáticas a respeito do discurso de subimperialismo brasileiro. Publicações, como as realizadas pela BBC.co.uk e pela Carta Capital provocam uma onda de questionamentos sobre o papel positivo desenvolvido até o momento na construção da integração latino-americana.

Perguntamos se não interessa ao capital financeiro e aos governos dos países centrais, sobretudo dos EUA, torpedear, o tempo todo, as ações e os projetos que visam realizar uma integração pela via da cooperação, a exemplo das; Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América, a União das Nações Sul-Americanas e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos. 

As politicas brasileiras em relação aos demais países da América Latina, Caribe e África têm sido de profunda cooperação e de articulação para uma contribuição efetiva ao desenvolvimento das forças produtivas daqueles países para que possam fortalecer o Estado através de politicas que os façam sair da situação de dependência.

Através de LA ACUMULACIÓN CAPITALISTA MUNDIAL Y EL SUBIMPERIALISMO de Ruy Mauro Marini, podemos perceber que existe uma grande diferença entre a integração pelo mercado e a integração por uma política de estado. As empresas instaladas no Brasil que vêm se expandindo pela América Latina e África são formadas por grandes monopólios estrangeiros que estão sediados em seu território e sua dinâmica invasiva contraria quase sempre as políticas de cooperação dos estados.

Para considerar-se um país como subimperialista, não basta que sua economia busque no exterior solução para seus problemas de mercado, ou que sirva de correia de transmissão entre o capital financeiro dos países centrais a outras economias periféricas. 

De acordo com o consultor, Prof. Dr. Nilson Araujo de Souza, é imprescindível que o país haja constituído um capital financeiro próprio que, além de dependente do capital financeiro central, goze de um relativo grau de autonomia para explorar as economias de outros países. É preciso também que sua exportação de capitais tenha passado a preponderar sobre a exportação de mercadorias. E, para completar, é preciso que seu Estado tenha sido capturado de tal forma pelo capital financeiro que passe a defender seus interesses fora do país - sendo necessário, para cumprir esse papel, a constituição de um “estado militarista de tipo prussiano”

Como bem assinala Marini: O subimperialismo corresponde à expressão perversa da diferenciação sofrida pela economia mundial, como resultado da internacionalização da acumulação capitalista, que contrapôs ao esquema simples da divisão do trabalho – cristalizado na relação centro-periferia (...) a relação existente entre meios de produção e força de trabalho, da lugar a subcentros econômicos (e políticos), dotados de relativa autonomia, embora permaneçam subordinados a dinâmica global imposta pelos grandes centros. 

A pergunta que deve ser realizada é; A QUEM INTERESSA O DISCURSO DE SUBIMPERIALISMO BRASILEIRO? 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Retorno das atividades do GETD

No último sábado, 02/02/2013 o agora, grupo de Pesquisa em Estudos da Teoria da Dependência - GETD, reuniu-se para alinhamento e planejamento do ano de 2013. O encontro realizado contou com a participação da coordenadora Profª Luisa Maria Nunes de Moura e Silva, via Skype, desde a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS, além dos acadêmicos dos cursos de Relações Internacionais e Integração, Economia, Integração e Desenvolvimento e Letras, Artes e Mediação Cultural. Após apresentação dos trabalhos realizados até o presente momento foi discutida metodologia para os próximos encontros. 

No último ano o GETD logrou reconhecimento  pela Sociedade de Economia Politica - SEP, a qual criou um grupo de Trabalho sobre a dependência, além de, o grupo agora encontrar-se credenciado no CNPQ e registrado pela Universidade Federal da Integração Latino Americana - Unila. 

Este grupo de pesquisa investiga os fundamentos teórico-metodológicos da Teoria da Dependência e sua capacidade explicativa das situações de subdesenvolvimento e de (des) integração nos países periféricos, sobretudo na América Latina. 

O recorte de estudo deste grupo de pesquisa se dá a partir dos elementos teórico-metodológicos. Objetiva-se construir uma matriz para análise comparativa das sociedades latino-americanas. O conceito de padrão de reprodução de capital e as categorias de análise em que se desdobra, a da super-exploração da força de trabalho como forma de manter o duplo nível de acumulação de capital, e outras categorias de análise da situação de dominação característica das formações capitalistas dependentes serão objeto de estudo, a partir de que serão transformados em ferramentas efetivas (variáveis e indicadores) de trabalho analítico.

As linhas de pesquisa são;

Estado, classes sociais e relações interestatais 

Esta linha estudará a forma como o Estado se estrutura nos países dependentes; análise das categorias da estrutura das classes sociais e suas relações entre si com as classes nos países centrais e com o Estado; as relações interestatais, destacando-se as relações dos Estados dependentes com os Estados dos países centrais e com os demais Estados dependentes, com o objetivo de construir indicadores de análise comparada de situações concretas.

Subordinação Cultural, científica e de informação

Esta linha estudará as categorias relacionadas à subordinação ideológica e cultural, científica e tecnológica e da informação, na perspectiva da hegemonia da cultura desenvolvida nos países centrais. Esta subordinação é possível pela instalação, nos países periféricos, dos monopólios da informação e do lazer e entretenimento e da concentração do poder de manipular os fluxos da informação que permitem ou não a consciência da própria subordinação.

Padrão de reprodução do capital e superexploração da força do trabalho 

Esta linha estudará o conceito de Padrão de reprodução e a categoria Superexploração da força de trabalho, fundamentais na Teoria da Dependência. O primeiro significa a forma como o capital se reproduz em determinado espaço e em determinado tempo; a segunda, o pagamento da força de trabalho abaixo do seu valor. Estuda ao mesmo tempo a relação entre eles além de construir indicadores para sua operacionalização em análises comparativas de situações concretas.


Por: Alexandre Andreatta