quarta-feira, 1 de agosto de 2012

HISTÓRIA DE UM NÃO-DEBATE: A TRAJETÓRIA DA TEORIA MARXISTA DA DEPENDÊNCIA NO BRASIL - Fernando Correa Prado

O debate sobre a dependência na América Latina foi imenso. Nos anos 1960 e 1970, um conjunto de intelectuais e militantes, de variada origem e filiação política, tratou do tema da dependência, geralmente utilizando este conceito como característica central de suas análises sobre as regiões periféricas, em particular a região latino-americana. Se no início da década de 1950 a questão do desenvolvimento foi colocada no centro do debate mundial, com impactos significativos para a esfera política e intelectual da América Latina, a partir de meados de 1960 o mote da dependência já começa a ganhar espaço, tornando--se um conceito em disputa, carregado de diferentes matrizes teóricas e políticas (...) Pois bem, o amplo debate sobre a dependência existiu e foi riquíssimo, repercutiu em diversos intelectuais no mundo todo, gerou uma base teórica e histórica firme para construir uma interpretação crítica do papel da América Latina dentro do sistema mundial capitalista e, claro, contribuiu para pensar caminhos políticos adequados de superação das contradições características da condição periférica e dependente. Isso ocorreu na maioria dos países da América Latina e também em outras partes do mundo, pelo menos até o fim da década de 1970. No Brasil, porém, essa história foi diferente. Aqui, na verdade, houve um não--debate, e em seu lugar existiu uma leitura unilateral em relação às contribuições vinculadas ao marxismo e à luta revolucionária latino-americana. Tais contribuições, além de terem sido alvo da censura e da perseguição política, sofreram um sistemático trabalho de deturpação intelectual, no qual o ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso teve um papel central, contando também com a conivência de diversos intelectuais de peso e com uma tenaz inércia intelectual, que apenas recentemente tem sido rompida. No Brasil, foi se construindo uma espécie de “pensamento único” sobre o tema da dependência centrado em  grande medida na perspectiva defendida por Cardoso, de tal modo que se firmou um relativo desconhecimento – e até mesmo deformação – das contribuições inscritas na tradição marxista, dentro da qual estariam as obras de Andre Gunder Frank, Theotônio dos Santos, Vânia Bambirra e, principalmente, Ruy Mauro Marini. Revelar em linhas gerais como isso foi produzido e reproduzido em diversas e influentes publicações é a principal intenção deste artigo.


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